top of page
  • Foto do escritorAndré Cabral

Projeto "Psis no divâ"



Ainda que existam divergências epistêmicas entre as psicologias e a psicanálise, Freud descreveu sua invenção como uma psicologia das profundezas. O autor desejava trabalhar com a psicanálise a partir de métodos que a aproximassem da visão científica. Isso, obviamente, colocava sua invenção numa relação próxima à psicologia que tentava constituir-se, no início do século XX, como uma ciência.


O fato é que, quando tomamos a perspectiva macro em que se inscreve as diferentes práticas psicoterapêuticas, é possível aproximar a psicanálise das demais abordagens psicológicas. Diante do tratamento de pacientes, tanto a psicologia quanto a psicanálise se esforçam por inscrever a perspectiva da mente, do desejo e das emoções na cosmovisão da ciência.


Tal aproximação é interessante, pois sugere que possamos pensar no tripé freudiano como uma forma de orientar na formação de psicanalistas e de não-psicanalistas da psicologia.Assim, é importante que graduandos e profissionais da psicologia tenham uma construção teórica consistente, realizando, igualmente, a supervisão de casos clínicos com outro profissional. Entretanto, é importante, principalmente, que o psicólogo faça a sua análise pessoal. Afinal, o labor de psicanalistas e profissionais da Psicologia está além de conhecimentos teóricos e técnicos adquiridos na academia e institutos, uma vez que envolve a participação de seus próprios recursos psíquicos na tarefa de escuta e de interpretação dos pacientes.


É difícil dizer que um analista conseguirá conduzir a análise de seu paciente além do que foi a sua própria análise. Isso porque é possível ao profissional, a partir de sua análise pessoal, perlaborar e atravessar questões que, porventura, possam vir a aparecer quando ele estiver na condição de analista para alguém. Cabe salientar, porém, que não se trata de normatizar e adequar o analisando a perspectivas éticas daquele que o atende, mas da condução da análise pela via singular a cada analisando.


Assim, cada analista constituirá, de certo modo, uma invenção de si mesmo. É o que se pode interpretar na fala de Lacan: “o psicanalista só se autoriza de si mesmo”, oque implica uma relação do analista com o próprio desejo. Notemos que não se trata de um analista habilitar outro analista. Não há regulamentação jurídico-teórica na transmissão da psicanálise. Ainda que a regulamentação exista na psicologia, cabe a cada um se autorizar de sua prática à medida que atravessa a própria fantasia. Tal consideração abre possibilidade de psicólogos realizarem sua análise, mesmo que não queiram se tornar psicanalistas.


Diante das considerações realizadas, a Atálise propõe, para graduandos em Psicologia e para psicólogos e psicanalistas, a partir do Projeto “Psis” na análise, alternativas de acessibilidade ao atendimento psicanalítico.


 


André Cabral é psicanalista e faz atendimento clínico na cidade de Uberlândia e Araguari. É docente no curso de Psicologia da Faculdade do Trabalho (FATRA). Atende adolescentes, adultos e idosos frente aos mais diversos sintomas e sofrimentos psíquicos. Trabalha, ainda, com atendimento a casais e apoio voltado para a “orientação profissional” de adolescentes. Atualmente é doutorando em estudos psicanalíticos pelo programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais. Tem interesse na interlocução entre psicanálise e cinema, literatura, teatro e política.




Comments


Posts em destaque

Verifique em breve
Assim que novos posts forem publicados, você poderá vê-los aqui.
bottom of page